Salvador, BA (da redação Itinerante do Esporte Comunitário)
Blatter e Valcke assistem ao jogo entre Brasil e Uruguai no Mineirão. Foto: EFE/Antonio Lacerda
A Fifa está bastante contrariada com o governo federal diante dos protestos contra a Copa das Confederações e a Copa-2014, mas não reage ou contra-ataca com temor das consequências políticas.
No entendimento da entidade, em meio às manifestações, o Mundial tornou-se uma peça
dentro da movimentação política em torno das eleições de 2014, incluindo a sucessão presidencial.
E por isso que a organização máxima do futebol virou alvo dos políticos, do executivo e do Congresso.
A cúpula da Fifa tem diversas reclamações em relação ao governo federal.
Entre elas, está o atraso nas construções dos estádios que, na visão dos cartolas, levou ao aumento de custos total.
O exagerado preço final das arenas é a principal crítica nos protestos contra a Copa, que transformaram a entidade em alvo.
Também há um consenso dentro da Fifa de que a presidente da República, Dilma Roussef, demorou a falar sobre as manifestações.
E, pior, fez uma declaração tímida sobre a Copa-2014, com um discurso que tentava desvincular a União de investimentos nos estádios.
Isso apesar de existir verba federal nas arenas, por meio de incentivo fiscal e de uma empresa que é metade estatal, no caso do estádio de Brasília.
Apesar desse descontentamento interno, cartolas da Fifa decidiram adotar a tática de não falar nada pesado em público.
A ideia é tentar mostrar os benefícios do Mundial para o Brasil e ao mesmo tempo se desvincular das manifestações.
Questionado sobre os protestos, ao voltar ao Brasil após viagem de uma semana, o presidente da entidade, Joseph Blatter, tentou livrar-se do problema.
"São questões internas sociais que não tem relação com o futebol", afirmou, nesta quarta-feira (26).
A verdade é que dirigentes da federação internacional de diversos níveis se mostraram assustados com as manifestações, principalmente os estrangeiros.
Tanto que o próprio Blatter tem se exposto o menos possível
em cidades onde há protestos, viajando para os jogos apenas no dia das partidas.
Também há certo sentimento de incompreensão em relação às vozes da rua.
Até quarta-feira, por exemplo, não tinham a percepção de que o ambiente político pode dificultar a liberação de verbas para a infraestrutura do Mundial.
Um exemplo era dinheiro previsto para telecomunicações na competição que foi reprovado em sessão no Congresso, na noite de terça-feira.
Para 2014, um dos objetivos da Fifa será tentar entender o contexto político brasileiro.
Assim, esperam evitar ficar novamente no meio do tiroteio entre políticos que afeta a organização do Mundial, na visão dos dirigentes.
Também há a intenção de pressionar o governo por melhoria nos serviços, como na área de segurança.
O secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, avaliou que 20% dos itens previstos para a Copa das Confederações não funcionaram como previsto.
Um resumo é que, quando os cartazes das manifestações abaixar, e a cúpula da Fifa deixar temporariamente o país, dificilmente as relações entre seus cartolas e o governo brasileiro terá a mesma harmonia de antes da Copa das Confederações.
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