sábado, 28 de dezembro de 2013

Resumo da Copa São Paulo Júnior


Fonte: futebolpaulista.com.br
Edição: Jorge Luiz da Silva.
Salvador, BA (da redação itinerante do Esporte Comunitário)




São 104 clubes, de todas as regiões do Brasil, espalhados por 26 cidades-sede no Estado de São Paulo. Quem vê o formato atual da Copa São Paulo de Futebol Júnior provavelmente nem imagina que a primeira edição do torneio, em 1969, foi organizada com menos de um mês de antecedência e decidida em somente três partidas – desde então, a competição de categorias de base mais importante do País, que chega à sua 45ª edição em 2014, tem muita história para contar.

A Copa São Paulo surgiu da iniciativa da Prefeitura Municipal de criar uma disputa de diversas modalidades no mês de janeiro, para comemorar o aniversário da cidade, no dia 25. Coube ao assistente esportivo do prefeito Faria Lima, Fábio Lazzari, a organização do evento. E o maior entrave à sua realização era que em janeiro os clubes profissionais de futebol davam férias a seus jogadores e técnicos. Por isso, a alternativa foi criar uma competição para a categoria juvenil – os juniores só passariam a existir como uma divisão de base alguns anos mais tarde.



O primeiro clube a ser convencido por Lazzari para participar da “Taça São Paulo de Futebol Juvenil” foi o Nacional, não sem certa insistência. Logo depois, veio a adesão do Palmeiras e pelo menos uma partida no dia 25 de janeiro já estava certa; mesmo assim, a organização do torneio continuou se empenhando e conseguiu a confirmação de Corinthians e Juventus. A Federação Paulista de Futebol concordou com a realização do torneio, cedendo inclusive a arbitragem para as partidas.

Assim, no dia 24, o Nacional venceu o Palmeiras no primeiro jogo da história da Copinha; em seguida, o Corinthians superou o Juventus. As duas partidas foram disputadas no Centro Educacional e Esportivo Vicente Ítalo Feola, na Vila Manchester, Zona Leste de São Paulo – mesmo palco da final, disputada na manhã do dia seguinte. O Corinthians derrotou o Nacional e se sagrou o primeiro campeão da competição, repetindo o feito no ano seguinte ao derrotar o Palmeiras na final. Nestes dois anos em que o título foi para o Parque São Jorge, o formato de disputa foi o mesmo: quatro equipes, com duas semifinais para definir os times que se enfrentariam no dia do aniversário da cidade.



A ideia de expandir a Copa São Paulo para times de outros Estados veio depois da conquista do tricampeonato mundial da Seleção Brasileira, no México, em 1970. Em dezembro daquele ano foi criada a Secretaria Municipal de Esportes, que decidiu arcar com os custos de alojamento e refeições dos times de fora de São Paulo, desde que estes bancassem as viagens e não exigissem compensação financeira. Depois de alguma resistência, o Fluminense foi o primeiro clube a aceitar o convite; logo depois, aderiram Botafogo e Grêmio. A primeira Copinha com times de outros Estados teve uma final carioca: o Fluminense surpreendeu o favorito Botafogo, que havia goleado todos os outros adversários, e levou o título para as Laranjeiras.

Com a participação de grandes clubes do Brasil, a competição foi ganhando destaque e se consolidando no cenário nacional. A Secretaria de Esportes passou a adotar a classificação nos campeonatos estaduais como critério para convidar os clubes – assim, os participantes não mudavam muito a cada ano, se restringindo aos times mais fortes e tradicionais. Em 1972, o Internacional revelou na Copinha um dos maiores craques do futebol brasileiro: Paulo Roberto Falcão. A descoberta do talento chamou ainda mais a atenção para o torneio, que passou a ter mais reconhecido seu potencial de apresentar jovens craques ao País. O time gaúcho chegou à final, mas foi derrotado pelo Nacional, que conquistou seu primeiro título.

Nas primeiras edições, o campeonato era organizado de forma que as equipes de São Paulo se enfrentassem primeiro, em um bloco, enquanto no outro jogavam os times de outros Estados. A medida era adotada para garantir que um time paulista estivesse nas finais. Com o fortalecimento das categorias de base nos clubes de São Paulo nos anos posteriores, as tabelas passaram a ser compostas através de sorteio, em meados da década de 1970.




O crescimento gradativo do número de times participantes foi outro indício da importância cada vez maior que a Copinha assumia como torneio nacional de categorias de base. Depois das duas primeiras edições com somente quatro equipes paulistas, o torneio de 1971 teve 16 times. Em 1972, a competição contou com 23 clubes – o Vasco desistiu e deixou um dos grupos com apenas três times. O número de 16 participantes foi o mais comum até 1982; depois, 24 e 32 equipes, no formato mais recorrente do torneio, com algumas exceções, como as 20 equipes de 1983 e as 40 de 1991 e 1997.

A partir daí, a competição “inchou” rapidamente, até chegar a 72 times em 2001. Depois de uma ligeira diminuição nas duas edições seguintes, a Copinha de 2004 teve 80 clubes e, desde 2005, o torneio tem mantido o número acima de 80 equipes, de todos os Estados do Brasil. Entre 2007 e 2009 contou com 88 equipes; em 2010 e 2011 foram 92; em 2012, 96; em 2013 haviam 100 clubes; e em 2014, serão 104.

A idade-limite foi outro fator que variou ao longo da história do torneio. Com a inexistência da categoria de juniores nos primeiros anos, só eram aceitos jogadores de até 18 anos até 1974; do ano seguinte em diante, atletas de até 20 anos puderam participar. Nas últimas edições, a faixa etária voltou a baixar: 19 anos em 2007, e 18 desde 2009. A partir de 2013 e também em 2014, jogadores de até 19 anos vão voltar a disputar o torneio.


Bahia vice-campeão em 2011


O único ano em que a Copa São Paulo de Futebol Júnior não ocorreu foi 1987. Com a posse do prefeito Jânio Quadros, em janeiro do ano anterior, muitas trocas de cargo ocorreram nos departamentos da Secretaria Municipal de Esportes, inviabilizando a organização antecipada do evento. Nos anos posteriores, o torneio passou a ser realizado em parceria com a Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo e a Federação Paulista de Futebol. A Secretaria Municipal só voltou a se responsabilizar pela coordenação da Copinha em 1993, na gestão do prefeito Paulo Maluf.

Desde a primeira edição, a FPF sempre prestigiou o evento, colaborando com o que fosse possível e se colocando inteiramente à disposição da organização. A participação da entidade máxima do futebol paulista na Copinha foi gradativamente aumentando até a década de 1990, quando chegou a coordenar eventos de abertura e encerramento para a competição. Em 1997, a Federação assumiu definitivamente a tarefa de realizar a Copa São Paulo de Futebol Júnior.




Se o espírito de confraternização e festividade das primeiras edições deu lugar à luta acirrada pelo título mais importante das categorias de base no País, uma característica permaneceu inalterada ao longo das quatro décadas da Copinha: a capacidade do torneio de revelar jogadores e dar a eles a primeira oportunidade de aparecer para os olhos dos grandes clubes do Brasil e do mundo.

Aqueles quatro times juvenis de 1969, convidados a comemorar o aniversário de São Paulo em um torneio de três jogos, podem não ter imaginado que a competição chegaria à grandeza de hoje; mas, junto de todas as outras dezenas de participantes – e dos idealizadores e organizadores que trabalharam para que tudo fosse possível –, deram início a uma história que completa 45 anos.



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