Fonte: futebolpaulista.com.br
Edição:
Jorge Luiz da Silva.
Salvador, BA
(da redação itinerante do Esporte Comunitário)
São 104
clubes, de todas as regiões do Brasil, espalhados por 26 cidades-sede no Estado
de São Paulo. Quem vê o formato atual da Copa São Paulo de Futebol Júnior
provavelmente nem imagina que a primeira edição do torneio, em 1969, foi
organizada com menos de um mês de antecedência e decidida em somente três
partidas – desde então, a competição de categorias de base mais importante do
País, que chega à sua 45ª edição em 2014, tem muita história para contar.
A Copa São
Paulo surgiu da iniciativa da Prefeitura Municipal de criar uma disputa de
diversas modalidades no mês de janeiro, para comemorar o aniversário da cidade,
no dia 25. Coube ao assistente esportivo do prefeito Faria Lima, Fábio Lazzari,
a organização do evento. E o maior entrave à sua realização era que em janeiro
os clubes profissionais de futebol davam férias a seus jogadores e técnicos.
Por isso, a alternativa foi criar uma competição para a categoria juvenil – os
juniores só passariam a existir como uma divisão de base alguns anos mais
tarde.
O primeiro
clube a ser convencido por Lazzari para participar da “Taça São Paulo de
Futebol Juvenil” foi o Nacional, não sem certa insistência. Logo depois, veio a
adesão do Palmeiras e pelo menos uma partida no dia 25 de janeiro já estava
certa; mesmo assim, a organização do torneio continuou se empenhando e
conseguiu a confirmação de Corinthians e Juventus. A Federação Paulista de
Futebol concordou com a realização do torneio, cedendo inclusive a arbitragem
para as partidas.
Assim, no
dia 24, o Nacional venceu o Palmeiras no primeiro jogo da história da Copinha;
em seguida, o Corinthians superou o Juventus. As duas partidas foram disputadas
no Centro Educacional e Esportivo Vicente Ítalo Feola, na Vila Manchester, Zona
Leste de São Paulo – mesmo palco da final, disputada na manhã do dia seguinte.
O Corinthians derrotou o Nacional e se sagrou o primeiro campeão da competição,
repetindo o feito no ano seguinte ao derrotar o Palmeiras na final. Nestes dois
anos em que o título foi para o Parque São Jorge, o formato de disputa foi o
mesmo: quatro equipes, com duas semifinais para definir os times que se
enfrentariam no dia do aniversário da cidade.
A ideia de
expandir a Copa São Paulo para times de outros Estados veio depois da conquista
do tricampeonato mundial da Seleção Brasileira, no México, em 1970. Em dezembro
daquele ano foi criada a Secretaria Municipal de Esportes, que decidiu arcar
com os custos de alojamento e refeições dos times de fora de São Paulo, desde
que estes bancassem as viagens e não exigissem compensação financeira. Depois
de alguma resistência, o Fluminense foi o primeiro clube a aceitar o convite;
logo depois, aderiram Botafogo e Grêmio. A primeira Copinha com times de outros
Estados teve uma final carioca: o Fluminense surpreendeu o favorito Botafogo,
que havia goleado todos os outros adversários, e levou o título para as
Laranjeiras.
Com a
participação de grandes clubes do Brasil, a competição foi ganhando destaque e
se consolidando no cenário nacional. A Secretaria de Esportes passou a adotar a
classificação nos campeonatos estaduais como critério para convidar os clubes –
assim, os participantes não mudavam muito a cada ano, se restringindo aos times
mais fortes e tradicionais. Em 1972, o Internacional revelou na Copinha um dos
maiores craques do futebol brasileiro: Paulo Roberto Falcão. A descoberta do
talento chamou ainda mais a atenção para o torneio, que passou a ter mais
reconhecido seu potencial de apresentar jovens craques ao País. O time gaúcho
chegou à final, mas foi derrotado pelo Nacional, que conquistou seu primeiro
título.
Nas
primeiras edições, o campeonato era organizado de forma que as equipes de São
Paulo se enfrentassem primeiro, em um bloco, enquanto no outro jogavam os times
de outros Estados. A medida era adotada para garantir que um time paulista
estivesse nas finais. Com o fortalecimento das categorias de base nos clubes de
São Paulo nos anos posteriores, as tabelas passaram a ser compostas através de
sorteio, em meados da década de 1970.
O
crescimento gradativo do número de times participantes foi outro indício da
importância cada vez maior que a Copinha assumia como torneio nacional de
categorias de base. Depois das duas primeiras edições com somente quatro
equipes paulistas, o torneio de 1971 teve 16 times. Em 1972, a competição
contou com 23 clubes – o Vasco desistiu e deixou um dos grupos com apenas três
times. O número de 16 participantes foi o mais comum até 1982; depois, 24 e 32
equipes, no formato mais recorrente do torneio, com algumas exceções, como as
20 equipes de 1983 e as 40 de 1991 e 1997.
A partir
daí, a competição “inchou” rapidamente, até chegar a 72 times em 2001. Depois
de uma ligeira diminuição nas duas edições seguintes, a Copinha de 2004 teve 80
clubes e, desde 2005, o torneio tem mantido o número acima de 80 equipes, de
todos os Estados do Brasil. Entre 2007 e 2009 contou com 88 equipes; em 2010 e
2011 foram 92; em 2012, 96; em 2013 haviam 100 clubes; e em 2014, serão 104.
A
idade-limite foi outro fator que variou ao longo da história do torneio. Com a
inexistência da categoria de juniores nos primeiros anos, só eram aceitos
jogadores de até 18 anos até 1974; do ano seguinte em diante, atletas de até 20
anos puderam participar. Nas últimas edições, a faixa etária voltou a baixar:
19 anos em 2007, e 18 desde 2009. A partir de 2013 e também em 2014, jogadores
de até 19 anos vão voltar a disputar o torneio.
Bahia vice-campeão em 2011
O único ano
em que a Copa São Paulo de Futebol Júnior não ocorreu foi 1987. Com a posse do
prefeito Jânio Quadros, em janeiro do ano anterior, muitas trocas de cargo
ocorreram nos departamentos da Secretaria Municipal de Esportes, inviabilizando
a organização antecipada do evento. Nos anos posteriores, o torneio passou a
ser realizado em parceria com a Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo e
a Federação Paulista de Futebol. A Secretaria Municipal só voltou a se
responsabilizar pela coordenação da Copinha em 1993, na gestão do prefeito
Paulo Maluf.
Desde a
primeira edição, a FPF sempre prestigiou o evento, colaborando com o que fosse
possível e se colocando inteiramente à disposição da organização. A
participação da entidade máxima do futebol paulista na Copinha foi
gradativamente aumentando até a década de 1990, quando chegou a coordenar
eventos de abertura e encerramento para a competição. Em 1997, a Federação
assumiu definitivamente a tarefa de realizar a Copa São Paulo de Futebol
Júnior.
Se o
espírito de confraternização e festividade das primeiras edições deu lugar à
luta acirrada pelo título mais importante das categorias de base no País, uma
característica permaneceu inalterada ao longo das quatro décadas da Copinha: a
capacidade do torneio de revelar jogadores e dar a eles a primeira oportunidade
de aparecer para os olhos dos grandes clubes do Brasil e do mundo.
Aqueles
quatro times juvenis de 1969, convidados a comemorar o aniversário de São Paulo
em um torneio de três jogos, podem não ter imaginado que a competição chegaria
à grandeza de hoje; mas, junto de todas as outras dezenas de participantes – e
dos idealizadores e organizadores que trabalharam para que tudo fosse possível
–, deram início a uma história que completa 45 anos.
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