terça-feira, 22 de outubro de 2013

A SINA DA MEDIOCRIDADE

Por: Darino Sena. Fonte: Correio 24horas
Edição: Jorge Luiz da Silva
Salvador, BA (da redação Itinerante do Blog MUSIBOL)

Artilheiro tricolor na Série A não vê a cor da bola. Foto: Erik Salles/BA Press

Esse ano o Bahia faz sua melhor campanha nos pontos corridos. Nunca chegou à 30ª rodada com tantos pontos - 36. Mas a campanha segue sem expressar a tradição e os anseios da torcida. Pelo terceiro ano seguido, o Tricolor chega à reta final penando para não cair. Pior. Por ironia, em sua melhor perfomance, a atual, nunca a distância pra zona foi tão curta a esta altura - três pontos. Em 2011, a vantagem era de seis. Ano passado, de oito. Sina triste e medíocre.

Só espero que o Bahia não pague um preço alto demais pelos erros estratégicos ao longo da temporada. Os tricolores não merecem. A festejada base que quase caiu nos dois últimos anos e foi campeã estadual sem ganhar do Vitória em 2012, foi mantida. O time desclassificado do Nordestão e humilhado pelo rival no Baiano, recebeu pouquíssimos reforços. O bom início no Brasileiro iludiu os velhos cartolas. Falou-se em Libertadores, esqueceu-se a realidade. A sequência irracional de jogos no meio e fim de semana fez o elenco atingir seu limite mais rápido. Faltou regularidade, reposição e qualidade.

Sobrou incompetência a Marcelo Filho e Paulo Angioni, os “pais” da criança.
Bom treinador e menor dos culpados, Cristóvão luta pra vencer adversários e as limitações do grupo. Já jogou com três zagueiros, três atacantes, duas linhas de quatro e, agora, tem usado até Souza numa linha de três meias. Tem adiantado pouco. Como diz meu amigo Éder Ferrari, Cristóvão virou refém da escassez de talento disponível. 

A nova diretoria, por ora, prometeu e não cumpriu. Schmidt tomou posse alardeando negociações avançadas com Léo Gago, Lucca e Michel. Chegou Wangler. O Bahia deve um mês de salário e nove bichos aos jogadores. Mudou o quê?

O Vitória recentemente trouxe Juan, Ayrton, Alemão, Kadu, Luiz Gustavo, Renato Santos,  recuperou Marquinhos e William Henrique, lançou Marcelo. Schmidt assumiu dia 10 de setembro. Bahia e Vitória tinham a mesma pontuação - 23. O rubro-negro estava uma posição acima (13º), pelo saldo de gols. De lá pra cá, foram 11 rodadas. Juan, Ayrton, Marquinhos e William Henrique fizeram 10 gols nessas partidas. O Vitória subiu seis posições. Wangler não foi titular em nenhuma, não deu assistência e não fez gol. O Bahia caiu duas casas. O Vitória briga pela Libertadores. O Bahia, pra não cair .

Fernandão encara o zagueiro Paulo Miranda,
do São Paulo. 
Foto: Erik Salles/BA Press
Agora, o Tricolor enfrentará os três melhores times do campeonato - o virtual campeão Cruzeiro e o vice-líder Grêmio, ambos fora; e o terceiro colocado Atlético-PR. Terá também o Galo, campeão da América. Ainda tem confrontos diretos com Lusa e Fluminense. Na Vila, o Santos. A única barbada, em tese, é o rebaixado Náutico. Será?

Segundo os matemáticos, 48 pontos eliminam o risco de degola. Faltam 12 pro Bahia. Ou seja, quatro vitórias em oito jogos. O time vai ter que melhorar o aproveitamento atual, que é de 40% e chegar aos 50%.  Pela ineficiência dos concorrentes, é provável que se salve com um pouco menos.

A esperança está na imprevisibilidade. Quando menos se espera, o Bahia surpreende. Vide as vitórias sobre o Botafogo e no clássico. Pode pesar também a diminuição da frequência de jogos. Rodadas a partir de agora, só nos finais de semana. É mais tempo pra descansar e treinar. Contam a favor ainda as decisões contra Lusa e Flu serem na Fonte; e o histórico recente. Nos últimos oito jogos de 2011, o Bahia fez 10 pontos. Ano passado, fez os 12 de que precisa agora.

Independentemente de conseguir se livrar ou não, a luta do Bahia para 2014 tem que ser outra - pela mudança da mentalidade. Passar o fim de ano fazendo conta para não cair é pouco demais pra quem já foi bicampeão do Brasil.

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