domingo, 11 de janeiro de 2015

Futebol feminino agoniza no Brasil, apesar do sucesso mundial da jogadora Marta



Texto: Ivan Drummond /Estado de Minas
Fonte: Super Esportes.com.br
Edição: Jorge Luiz da Silva.
Salvador, BA (da redação itinerante do Esporte Comunitário)

Eleita melhor do mundo cinco vezes em votação da Fifa, Marta está novamente entre as finalistas de 2014. Paul Hackett/REUTERS

Campeonatos profissionais bem organizados
são realidade apenas no eixo Rio-São Paulo

O futebol feminino ainda engatinha no Brasil, apesar do sucesso mundial de sua maior estrela. Ao mesmo tempo em que o país festeja Marta, considerada uma das melhores do mundo, o esporte não evoluiu nos gramados tupiniquins, mesmo com a tentativa da Confederação Brasileira de Futebol em organizar a modalidade, promovendo duas competições: a Copa do Brasil (com 32 times, vai de 4 de fevereiro a 8 de abril) e o Campeonato Brasileiro, de 9 de setembro a 8 de novembro. Minas Gerais é um retrato do que ocorre no restante do país, convivendo, praticamente, com o abandono, por causa da falta de parceiros para bancar as equipes.

O Campeonato Mineiro, por exemplo, tem apenas seis equipes, nenhuma delas profissional. Os grandes clubes do masculino, Atlético, América e Cruzeiro, não participam. O primeiro competia na modalidade até 2012, quando o time foi dissolvido. Segundo informações da assessoria de imprensa do clube, o grande problema foi a falta de recursos para bancar a equipe. Essa é também a posição do Cruzeiro. O presidente Gilvan de Pinho Tavares afirma que nem sequer chegou a pensar na possibilidade de manter um time.


O atual campeão mineiro é o Santa Cruz, da Zona Leste de BH, time que joga na várzea. Ano passado, conquistou também a Taça BH e a Copa Centenário. São 36 atletas, entre 11 e 35 anos, todas jogando na categoria adulto. Bárbara Fonseca é a responsável pela equipe, uma espécie de faz-tudo – cuida das viagens, dos treinos, da alimentação e do transporte. Escrivã de polícia lotada na Delegacia de Furtos de Veículos, na Barroca, Bárbara conta que o time não recebe qualquer ajuda: “Os custos de treinos, viagens, materiais etc. são custeados pelos integrantes da comissão técnica, que está junta desde janeiro de 2014. A gente faz tentativas desesperadas, solicitando patrocínio ou uma ajuda do empresariado mineiro, mas ainda não tivemos êxito”.

Nenhuma jogadora tem salário ou recebe ajuda de custo, como vale-transporte. “Fazemos tudo por amor”, diz Bárbara. A única ajuda é para a Copa do Brasil, com a CBF disponibilizando R$ 5 mil para cada equipe nas partidas fora de casa. “Nas partidas aqui, nós é que temos de bancar. Nossa estreia na Copa do Brasil será contra o Duque de Caxias, no Campo do Vasco, no Rio. Para as partidas como mandante, indicamos a Arena do Jacaré, mas lá tem de pagar aluguel e não temos como fazê-lo. Estamos tentando a cessão do estádio, caso contrário, teremos problema, pois a CBF exige um campo com um mínimo de 10 mil lugares. Não temos outro lugar.”


FUTSAL A situação das jogadoras que estão fora do eixo Rio-São Paulo é bastante complicada. Muitas se mantêm em atividade migrando para o futsal. Rosana, integrante da Seleção Brasileira na campanha das duas medalhas de prata olímpicas e no ouro e na prata dos Jogos Pan-Americanos, viveu essa situação. “Quando não tinha jeito, não tinha time, ia jogar no futsal. É garantido, pois há competições com maior regularidade.”

Apesar dos problemas, o Brasil tem uma seleção considerada forte. O atual técnico, Oswaldo Alvarez, o Vadão, acredita que o Brasil evoluiu bastante, principalmente no lado tático, mas vê um grande problema: “Não se joga futebol feminino nas escolas. São poucas as escolinhas. O crescimento nos outros países é muito maior do que o nosso. Evoluímos dentro do campo, mas e quando perdermos essa geração de hoje? Não teremos reposição”.

Um dos problemas é que muitas jogadoras vão para o exterior, casos de Rosana, Cristiane e Marta, três dos principais nomes do esporte no país. Mas ele espera que esse problema seja amenizado com a criação da seleção permanente, com as jogadoras sendo convocadas com mais frequência.

Em dezembro, a Seleção Brasileira se reuniu pela última vez e conquistou o pentacampeonato do Torneio Internacional de Brasília, ganhando de Argentina e China e empatando com os EUA. A próxima convocação será no fim de fevereiro, para a Algarve Cup, em Portugal. Depois, se reunirá em maio para a preparação e disputa da Copa do Mundo, de 6 de junho a 5 de julho, no Canadá.


Personagem da notícia
Marta, 28 anos, jogadora de futebol
De empregada doméstica a craque

O grande nome do futebol feminino brasileiro é o da armadora e atacante Marta. Com 73 jogos pela Seleção no currículo e 82 gols, ela defendeu, profissionalmente, apenas três clubes no Brasil: o carioca Vasco, o mineiro Santa Cruz e o paulista Santos. Nos EUA, atuou no Los Angeles Sol, FC Gold Pride e Western New York Flash. Na Suécia, no Umea, no Tyreso e, agora, defende o Rosengard. Marta começou a carreira em Contagem. Empregada doméstica, aproveitava a folga para jogar no Adesc, que tinha uma equipe feminina de futsal. Foi campeã metropolitana e mineira, sendo que, defendendo a equipe da cidade, registrou o recorde mundial de gols numa só partida no futsal feminino (14), na vitória por 14 a 3 sobre o Cruzeiro, no Ginásio do Barro Preto, no fim da década de 1990. As façanhas de Marta nas quadras logo a levaram para um time de futebol de várzea, o Frigoarnaldo, onde ficou por quase três anos. De lá, conseguiu seu primeiro contrato profissional no Vasco, e, então, ganhou o mundo. Eleita cinco vezes a melhor jogadora do planeta na eleição da Fifa, amanhã ela estará novamente na cerimônia de premiação, pronta para emplacar a sexta.


Linha do tempo

1898 – Primeiro jogo de futebol feminino no mundo: Inglaterra x Escócia
1908 – Primeira vez que uma mulher joga futebol no Brasil, em partida beneficente, mista, no Rio
1921 – Primeiro jogo feminino oficial no Brasil, duelo entre os bairros Tremembé e Cantareira, de São Paulo
1941 – Lei Estado Novo proíbe a prática de “esportes incompatíveis com a natureza feminina”
1979 – Lei de 1941 é revogada
1982 – São criados os primeiros times femininos no Brasil: o carioca Radar e o paulista Saad
1988 – Primeira convocação para a Seleção Brasileira, com 16 jogadoras do Radar, para o Women’s Cup of Spain. Conquista do primeiro título internacional, vencendo França, Portugal e Espanha
1991 – Fifa organiza o 1º Campeonato Mundial Feminino, vencido pelos EUA
2003 – Brasil fica com a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo (foto), na República Dominicana
2004 – Seleção Brasileira leva a prata nos Jogos Olímpicos de Atenas
2006 – Marta é eleita, pela Fifa, a melhor do mundo. Ela voltaria a vencer a eleição em 2007, 2008, 2009 e 2010
2007 – Brasil é ouro no Pan do Rio e fica com a medalha de prata no Mundial da China
2008 – Seleção Brasileira conquista a medalha de prata na Olimpíada de Pequim


COPA MULHER EM SERRINHA (2008 a 2011)
 (Texto e fotos; Jorge Luiz da Silva (ASES)
Organização: Assessoria Esportiva Serrinhense

Raio X das 4 edições da Copa Mulher
Jogos realizados: 112
Gols marcados (Mandantes): 224
Gols Marcados (Visitantes) 191
Gols Marcados (Total) 415
Média: 3,71 gols por partida.
Público (Total): 43.600
Público (Média) 389 por jogo.
Menor Público: 100
Maior Público: 1.500


2011- Guerreiras do Malhadão conquistam o tri-campeonato
As comandadas do técnico e dirigente Joaquim Muniz dos Santos Filho entraram em campo, neste domingo, 06/11/2011, com o regulamento na mão e ao final dos setenta minutos conquistaram o inédito tri-campeonato.

2010- MALHADA DO ALTO É BI-CAMPEÃ DA III COPA MULHER
As guerreiras do Malhadão jogaram com o regulamento na mão.
Como haviam vencido o jogo de ida, no domingo anterior, se deram ao luxo de poder perder pelo placar mínimo, em 01/08/10).



2009- GUERREIRAS DO KELEZÃO DERROTARAM AS FAVORITAS E CONQUISTARAM A II COPA MULHER
As meninas de Malhada do Alto entraram em campo dando a impressão que já haviam conquistado o título antecipadamente e foi aí que a vaca foi pro brejo. Jogando com garra e determinação as guerreiras da Lagoa de Fora deram um show técnico e tático buscando os espaços e mantendo um claro domínio logo no início da partida. Em 09/08/2009, A Lagoa de Fora conquistou o título.


2008- » EM JOGO DE MUITAS EMOÇÕES MALHADA DO ALTO ALCANÇOU O SEU 11º. TRIUNFO CONSECUTIVO E CONQUISTOU O TROFÉU REGINA SILVA, em 14/09/08.












Nenhum comentário:

Postar um comentário