Fonte: Site da CBF
Fotos: CBF / internacional.com.br / bolavermelho.blogspot.com
Serrinha, BA (Da Redação Itinerante do Esporte
Comunitário)
Felipão convidou na noite de quinta-feira um dos
técnicos mais vitoriosos do futebol brasileiro para conversar com os jogadores:
Rubens Minelli, campeão brasileiro pelo Internacional, Palmeiras e São Paulo.
Durante muito tempo cogitado para ser o treinador
da Seleção Brasileira - sem nunca ter sido
-, ele foi "convocado"
por Felipão para fazer parte do ambiente que merecidamente poderia ter
desfrutado nos anos 1970/1980.
Rubens Minelli e Candinho - que foi técnico da
Seleção - juntaram-se aos jogadores para uma conversa no Hotel Transamérica.
Eles passaram para o grupo muito de suas experiências e alertaram para os
riscos que encontrarão na caminhada da Copa do Mundo.
- Você sempre orienta o filho sobre a maneira certa
de se fazer algo. Fala várias vezes, insiste, até que vem alguém de fora e diz
exatamente a mesma coisa. Aí o filho pensa: "opa, o certo deve ser isso
mesmo". Foi com esse objetivo que convidei o Minelli, para passar para os
jogadores toda a sua vivência.
Foi também uma homenagem e um reconhecimento à sua
competência. Ainda jogador do Caxias, Felipão enfrentou várias vezes o grande
Internacional de Rubens Minelli. Pôde ver que aquela maneira de jogar, aquele
sistema tático, era o que de melhor poderia ter um time de futebol.
- Na época, o Caxias tinha um time muito forte, era
o melhor do interior do Rio Grande do Sul. Mas não conseguíamos derrotar o
Internacional, não havia jeito, o time que ele montou era espetacular.
Rubens
Minelli tem certeza que era. Ele garante que não viu nada igual àquela equipe
que teve o orgulho de dirigir.
- O Internacional jogava há 30 anos o futebol que
dizem ser hoje moderno e competitivo.
O segredo do sucesso do Internacional estava
baseado em conceitos que todo time vencedor tem de possuir, segundo Minelli.
- O Internacional era forte na parte física, tinha
uma técnica aprimorada e uma obediência tática impressionante. Todos sabiam
exatamente o que fazer em campo e todos corriam muito, até os mais talentosos.
O time colorado tinha craques como Figueroa, na
zaga, e Falcão e Paulo César Carpeggiani no meio-campo. Para amparar essa
qualidade, e garantir a proteção da defesa, Minelli não abria mão de um jogador
mais marcador no setor - Caçapava era uma espécie de seu jogador-chave.
- Ele jogava à frente dos zagueiros e fazia a
cobertura dos laterais. Mas também armava no meio-campo e atacava quando era
necessário.
Felipão tem na Seleção Brasileira um jogador com as
mesmas características. Mas há outras semelhanças entre os dois treinadores. O
Grêmio dos anos 90 de Felipão tinha um sistema de jogo parecido com aquele
Inter.
- Não tinha a mesma qualidade técnica, mas a
maneira de jogar era muito parecida - concorda Felipão.
Um treinador vencedor
O técnico da Seleção Brasileira é um sincero
admirador de Rubens Minelli. Por tudo o que ele fez pelo futebol brasileiro, e
não foi pouco: Minelli foi campeão brasileiro pelo Palmeiras em 1969;
tricampeão gaúcho pelo Internacional em 1974/75/76; tricampeão brasileiro pelo
Internacional (1975/76) e pelo São Paulo (1977); campeão gaúcho pelo Grêmio
(1985) e campeão estadual pelo Paraná em 94/97.
O primeiro, de tantos títulos, foi no primeiro ano
como técnico profissional: campeão pelo América, quando levou o time de Rio
Preto para a primeira divisão do campeonato paulista.
- Eu não tinha vocação para ser técnico. Foi
completamente por acaso. Eu jogava futebol, mas como tinha quebrado a perna,
fui convidado para dirigir um time de universidade e depois das divisões de
base do Palmeiras.
Não tinha vocação, mas possuía, de sobra,
capacidade de comandar e liderar. Requisitos que ele considera indispensáveis
para um técnico ser vencedor.
.- Você nunca verá um grande time que não tenha um
grande treinador - diz Minelli, quando questionado sobre a importância do
técnico na montagem de uma equipe.
Aos 85 anos, com inteligência e o dom de cativar as
pessoas com sua boa conversa, Minelli garante que não tem saudade do futebol.
Ele tem a consciência de que cumpriu bem o seu papel.
- Foram 2.173 jogos em 43 anos como treinador –
conta, orgulhoso.
Rubens Minelli tinha muito mais para contar. À
mesa, depois do jantar, Felipão, Parreira, Murtosa, Candinho, o analista de
desempenho Thiago Larghi, o treinador de goleiros Carlos Pracidelli e o
preparador físico Anselmo Sbraglia ouviam e trocavam histórias que - se a
Seleção não tivesse concentrada - certamente entrariam pela madrugada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário