Fonte: Super
Esportes.com.br (Agência Estado)
Edição: Jorge Luiz da Silva.
Salvador, BA (da redação itinerante do Esporte Comunitário)
Juarez Rodrigues/EM/D.A Press (Agência
Estado)
Ex-cruzeirense
Vinícius Araújo foi um dos jogadores brasileiros negociados com o mercado
europeu em 2014
Com
clubes atolados em dívidas, o Brasil afunda na condição de mero fornecedor de
matéria-prima para o futebol mundial e a diferença entre a situação financeira
do futebol europeu e brasileiro se aprofunda.
Dados
colhidos pela Fifa e obtidos com exclusividade revelam que em 2014, os
jogadores brasileiros foram os mais comercializados no mundo. Mas a renda
obtida pelos clubes com suas vendas está cada vez mais distante das potências
europeias.
Se por
décadas o preço do atleta brasileiro era um atrativo extra aos clubes europeus,
a esperança era de que, aos poucos, os clubes nacionais poderiam competir
financeiramente de igual para igual com os grandes da Europa, o que faria com
que o preço dos jogadores nacionais tomassem uma proporção mais parecida ao da
Europa.
O que
ocorreu, porém, foi justamente o contrário, com uma concentração de renda
inédita no futebol mundial nas mãos de apenas 20 clubes europeus. Assim, casos
como o de Neymar, que em 2013 foi vendido por mais de 80 milhões, ainda são
situações isoladas no futebol nacional.
Segundo
os dados da Fifa, o Brasil “exportou” em 2014 cerca de 689 jogadores, o que
coloca o País na liderança como maior fornecedor de craques ao mundo. Mas isso
não significa o maior lucro. Essas vendas geraram aos clubes, jogadores e
agentes um volume de US$ 221 milhões.
A
Espanha, que vendeu quase 100 jogadores a menos que o Brasil no mesmo período,
obteve US$ 667 milhões com suas exportações. O Brasil também é ainda superado
por Inglaterra, Portugal, França e Itália.
O preço
relativamente baixo obtido pelo Brasil não significa falta de dinheiro no mundo
do futebol. Em 2014, as transferências internacionais de jogadores superaram a
marca de US$ 4 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões), um recorde. No total, foram 13
mil transferências no mundo, 2,9% a mais que em 2013. Em termos de valores, a
alta foi de 2,1%.
Mas a
constatação é de que esse dinheiro está cada vez mais concentrado na Europa. Um
estudo da consultoria PriceWaterHouse Coopers indicou que, em 2012, os clubes
europeus gastaram US$ 4 bilhões em reforços. Mas apenas 20% desse dinheiro foi
para a América do Sul, o maior fornecedor de craques. De fato, a realidade não
afeta apenas o Brasil, mas toda a América do Sul. A região, em 2013, já vendeu
ao mundo quase dois mil atletas.
Para
economias relativamente pequenas da região, mesmo esses valores são
significativos. Em 2013, os argentinos exportaram US$ 228 milhões em jogadores,
um quarto do valor de sua venda de carnes ao mundo.
O Uruguai
obteve uma renda com jogadores que foi superior às suas exportações de peixe.
No Equador, a venda de craques gerou o mesmo valor que as exportações de café.
VALORIZAÇÃO
- Mas é mesmo nas transferências entre clubes europeus que esses jogadores
ganham um outro valor de mercado. Um estudo realizado pelo professor da
Universidade de Limoges, Jean François Bourg, sobre a economia política do
esporte profissional revela que, uma vez na Europa, um jogador africano é
vendido a outro clube europeu em média por 20 vezes o preço que lhe foi pago
para sair de seu país de origem e viajar até o continente europeu.
O
zagueiro Thiago Silva foi comprado pelo Milan que pagou ao Fluminense cerca de
10 milhões de euros. Quando o clube italiano vendeu o defensor ao Paris
Saint-Germain, ele já valia 41 milhões de euros.
Thiago Silva foi para o Milan por 10 milhões de euros e revendido
ao PSG por 41 milhões de euros.
AFP PHOTO / FRANCK FIFE
O Porto,
nesse sentido, se transformou em um paradigma de como valorizar um craque
comprado por um preço baixo. Quando o time vendeu Ricardo Carvalho para o
Chelsea em 2004, o zagueiro Pepe, brasileiro naturalizado português, foi trazido
do Marítimo por 2 milhões de euros. Quando foi vendido ao Real Madrid, seu
valor chegou a 30 milhões de euros.
Com o
atacante Hulk, a história não foi diferente. O Porto o comprou por 5,5 milhões
de euros. Mas o vendeu por 60 milhões de euros ao Zenit St.Petersburg, da
Rússia. A multiplicação de euros engorda os cofres dos clubes da Europa e deixa
à míngua os brasileiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário