Fonte: Super Esportes.com.br
Informações: Agência Estado. Imagens: Google
Edição: Jorge Luiz
da Silva.
Salvador, BA (da
redação itinerante do Esporte Comunitário)
Ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, foi um dos investigados nas suspeitas de corrupção dentro da Fifa. AFP PHOTO/Antonio SCORZA
Entidade deseja que decisão encerre crise interna
no órgão máximo do futebol
Depois de meses de
acusações e das promessas da Fifa de que a corrupção seria atacada, a entidade
conclui que a Copa de 2022 ocorrerá no Catar e que o torneio mais polêmico em
décadas vai ser mantido no Oriente Médio. A Rússia, que literalmente destruiu
suas provas e não colaborou com as investigações, também foi inocentada no
processo para a Copa de 2018.
Mas um amistoso entre
Brasil e Argentina no Catar, em 2010, foi destacado como tendo sido organizado
para fazer parte de um esquema para transferir dinheiro para a Associação de
Futebol da Argentina por parte de um "conglomerado" catariano.
Sem credibilidade e
escondendo cerca de 200 mil páginas do processo, a Fifa espera que a decisão
desta quinta-feira encerre de uma vez por todas a crise na entidade. Mas, ao
contrário do que tinha anunciado de que o texto era sigiloso, o organismo
confirmou à reportagem que enviou para "alguns meios de comunicação"
o informe na noite de quarta. Da totalidade do processo, apenas 42 páginas sem
os nomes dos envolvidos foi divulgado.
Em uma declaração
emitida na manhã desta quinta-feira,13, e depois de dois anos de investigações, o
juiz supostamente independente da Fifa, Hans Eckert, apenas cita a necessidade
de punir alguns cartolas e fortalecer o processo de seleção a partir da Copa de
2026. Mas não haverá um novo voto para escolher uma nova sede e nem os
organizadores do Catar ou Rússia serão punidos.
A Fifa confirma que
empresários e cartolas do Catar de fato pagaram cerca de R$ 12 milhões para
conseguir apoio. Mas o juiz não recomenda que haja um novo processo de seleção
e a entidade não acredita que os incidentes são graves o suficiente para
justificar tirar a Copa do país do Golfo Pérsico.
"Assumir que
envelopes cheios de dinheiro são dados em troca de votos é ingenuidade",
escreveu o juiz. Segundo ele, as quebras nas regras do processo de seleção
foram "muito limitadas em sua abrangência".
"A avaliação do
processo de escolha das sedes está encerrada para o Comitê de Ética da
Fifa", declarou. Segundo ele, as violações que ocorreram não foram
suficientes para justificar um retorno ao voto "e muito menos reabrir os
processos". Para Eckert, o processo foi "robusto e
profissional".
A Fifa, obviamente,
comemorou e deixou claro que as especulações de que o presidente da entidade,
Joseph Blatter, queria tirar a Copa do Catar não passavam de manipulações na
imprensa para tentar limpar seu nome.
"As
investigações não encontraram nenhuma violação das regras", declarou a
entidade em um comunicado. "Portanto, a Fifa espera continuar o trabalho
para a Copa de 2018 e 2022, que estão em bom caminho", declarou.
O investigador que
passou dois anos apurando o caso, Michael Garcia, teria ficado profundamente
irritado com as conclusões do juiz alemão. Se não bastasse, o anúncio ocorre
justamente quando Catar e Rússia estão organizando nesta quinta, em Moscou, um
evento conjunto para mostrar a importância de seus países no futebol. A Fifa
também chancelou o evento.
No documento, a Fifa
apenas acusa cartolas que já não têm relações com o futebol, como Jack Warner,
Mohammed bin Hammam, Chuck Blazer e Reynald Temarii. Todos esses já foram
punidos no passado. Os atuais dirigentes e outros como Ricardo Teixeira, porém,
não têm seus nomes revelados e processos poderão começar a partir de agora.
Um dos pontos
centrais da investigação era o papel de Bin Hammam do Catar. Ex-vice-presidente
da Fifa, ele atuava tanto como membro da entidade como também fazendo parte dos
planos do país para sediar a Copa.
No informe, a Fifa
constata que de fato Bin Hammam distribuiu dinheiro a outros cartolas. Mas a
investigação não conseguiu provas suficientes para ligar os pagamentos à compra
de votos para o Catar.
No caso da Rússia, a
entidade também dá sinal verde. Mas deixa claro que houve uma falha na
cooperação. Moscou alegou que seu sistema informático "limpou" todos
os e-mails entre os cartolas e dirigentes.
Com a decisão desta
quinta, a Fifa fica livre para processar cartolas individuais. Mas encerra o
debate sobre onde serão as duas próximas Copas do Mundo.
No caso da
investigação sobre a Rússia, os documentos revelam que os organizadores
simplesmente destruíram os computadores onde estavam os arquivos e alegaram que
não poderiam passar os e-mails enviados porque o Google não havia autorizado.
BRASIL
O ex-presidente da
CBF, Ricardo Teixeira, foi um dos investigados. Mas, no resumo de 42 páginas do
processo, nenhum nome é citado. A Fifa, porém, deixa claro que o amistoso entre
o Brasil e Argentina em novembro de 2010 no Catar foi realizado com o objetivo de
transferir recursos para cartolas.
Segundo a
investigação, uma empresa que pertencia a um conglomerado do Catar
"financiou o evento". "Um rico sócio da entidade do Catar
organizou o apoio, supostamente para fazer lobby por um investimento no setor
do esporte", indicou o informe.
Segundo os
organizadores da Copa de 2002, a entidade que pagou pelo evento não tem relação
com o torneio da Fifa e nem com a Associação de Futebol do Catar. De acordo com
esses dirigentes, "o fundo para organizar o jogo não veio do Catar/2022 e
nem da Associação e o total pago para financiar o jogo era comparável às taxas
que se pagam por outros jogos envolvendo times de elite".
Apesar da versão dos
dirigentes, a investigação indicou que os contratos para o jogo podem ser
violações do Código de Ética da Fifa. "O financiamento do evento e sua
estrutura contratual levantam, em parte, preocupações em particular em relação
a certos arranjos relacionados com pagamentos para a Associação de Futebol da
Argentina". Para os investigadores, entretanto, os acordos "não estão
conectados com a campanha do Catar para a Copa de 2022".
Naqueles mesmos dias
de novembro de 2010, Teixeira assinaria uma extensão do contrato com uma
empresa árabe, a ISE, prolongando os direitos da companhia até 2022 para
organizar os amistosos da seleção brasileira. Teixeira declarou ainda que votou
pelo Catar e era um aliado de Bin Hammam.
INGLATERRA
Se o Catar e a Rússia
foram absolvidos, a Fifa não economizou críticas contra a Inglaterra, acusando
de não colaborar nas investigações e tendo distribuído presentes, como bolsas,
aos cartolas e suas esposas. A candidatura de Portugal e Espanha para a Copa de
2018 também não colaborou com o processo.
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